sexta-feira, 31 de julho de 2009

DA GRAVAÇÃO DO "BAHIA ASSIM"

Geraldo Seara.O SUBÚRBIO DO "BAHIA ASSIM"

O que foi felicidade
Me mata agora de saudade
Velhos tempos...
Belos dias!
(Roberto e Erasmo)

Eu me lembro com saudade...

Um dos meus sonhos era andar de trem. Costumava vê-los na televisão Telefunken, quando eu era televizinho de alguém, e era inevitável inserir, na trilha do meu pensamento, o som do trem-de-ferro, quando este ia pra Pernambuco, fazendo vuco-vuco, até chegar no Ceará. E alimentava o sonho de andar num, qualquer dia... Nem sabia que o "progresso" tinha planos de arquivar locomotivas e estradas de ferro, ante a chegada das rodas de borracha.

Lá onde eu nasci - dizem! - tem gente fugida até hoje, desde o dia em que, num início de noite, luzes foram avistadas na estrada de terra batida, se aproximando do arraial. Foi gente pra tudo quanto é lado! Os corajosos que sobraram - dos quais devo ser um descendente - elucidaram o mistério: era um Ford bigode anunciando que o progresso estava chegando e, com ele, os inserts no meu sonho: consegui andar de marinete, de jeep e de rural. Trem mesmo, só o das 11, no alto-falante da praça.

Um dia, já na Bahia - era assim que chamávamos a capital - num dia de feira, um furdunço só: feirantes correndo pra retirar, apressadamente, os tabuleiros da rua, ao som de uma buzina grave, forte e bem alta. Tabuleiros já de um lado e de outro e ali, bem no meio, surgiu majestoso, e passando, um trem! Uau! Um trem!!! Parecia vindo do além, pois do nada surgiu. De onde veio mesmo? Pra onde ia? - Do subúrbio pro porto, via Feira de São Joaquim!

No dia seguinte, da Calçada ao último destino lá fui eu, feliz da vida! Igual a como passando num subúrbio, eu muito bem, vindo de trem de algum lugar... Viva o Chico! As casas simples com cadeiras na calçada... Tudo, tudo ali. Meu sonho se concretizou. Não perdi aquele trem!

Viajei outras vezes pra ver mais, além das paisagens. Chamou-me a atenção os escritos nas paredes dos vagões. Nomes e datas descortinavam a vida daquela gente.

Pra minha surpresa, muito tempo depois, já como professor, conheci a dona de um dos escritos. Alguém que, entre outras coisas (lícitas!), também comemorava os aniversários no trem. Estou falando de uma professora chamada Dayse, do Colégio 7 de Setembro, no subúrbio. (Cris a conhece). Quanta história de trem essa moça tem pra contar!...

Cris e Claudia, muuuuuuuito obrigado. Vocês me levaram de volta pra lá!

Abração,

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